terça-feira, 4 de outubro de 2011

A FUNA de Victor Jara


A Funa é um termo tipicamente chileno e trata da denúncia de  torturadores e assassinos durante a ditadura de Pinochet que teve inicio em 1973.
Neste caso, é mostrado o assassinato  de Victor Jara que ocorre no Estádio de Chile, que hoje leva o nome de Estadio Victor Jara, com toda justiça.
O Estádio de Chile, situado na Alameda Bernardo O'Higgins, em Santiago, Chile, foi o primeiro maior recinto de prisioneiros nos primeiros dias do golpe de Pinochet em 1973. Chegou a comportar de 5 a sete mil prisioneiros.
A Funa implica também em ir no local de residencia de um assassino, torturador, denunciá-lo aos vizinhos, aos comerciantes locais, ao entregador de jornais, ao entregador de pizza, e aos prestadores locais de serviços, dizer quem é aquele individuo, aquele vizinho, o que fez, os crimes que cometeu. Uma filha ou parente da vitima pode falar durante a manifestação gritando por justiça. São afixados cartazes pela vizinhaça denunciando os crimes cometidos.
Este video descreve a Funa de Victor Jara, isto é, a denuncia do assassino de Victor Jara, que foi o tenente do Exército Edwin Dimter Bianchi, apelidado de 'El Principe'. 'El Principe' estava trabalhando no Ministério do Trabalho em um escritório no décimo quarto andar em um prédio no centro de Santiago. O planejamento da denuncia é mostrado, com  todo o ritual nas ruas de Santiago, e a entrada no escritório do assassino.
O video mostra cenas atuais do antigo Estadio de Chile, podendo se perceber suas dimensões, seu tamanho, e dai o clima de terrror imposto pelos militares aos milhares de prisioneiros.
Boris Navia ex-preso politico descreve os momentos vividos naquela época no Estádio de Chile.

domingo, 11 de setembro de 2011

Terror e o atentado de 11 de setembro


Acordei cedo. Era talvez 6 horas da manhã de uma terça-feira. Alguma coisa estava acontecendo e estava errado. Estava profundamente errado. Dava para sentir o clima, a expectativa de desfecho dos  conflitos. Tinha que haver uma solução. De alguma forma, a cidade amanhecia diferente, com outro clima, outra ansiedade, outra emoção.
Desci e fui comprar pão e ver o que certamente estava acontecendo.
Na volta soube da noticia pelo rádio: o golpe militar estava em marcha contra Allende.
Descemos, eu e Iracema, e fomos direto para o centro da cidade, percorrendo a Alameda as pressas, contornando as obras do metrô, conforme haviamos combinado com o pessoal - Julio, Ritinha, Viegas, Ferreira, para resistir.
Chegamos na casa do Ferreira. Aguardamos algum tempo, mas não havia como telefonar para ninguém: estava tudo congestionado e só sabiamos o que estava acontecendo pela rádio e, como estavamos perto do palácio La Moneda, podiamos ouvir bem claramente os tiros e as rajadas sendo disparadas contra Allende.
Depois de alguns minutos esperando e vendo que não chegava mais ninguém, saimos, eu e Iracema, e fomos encontrar o pessoal na población, depois da estação Mapocho.
Enquanto subiamos pela Alameda, vimos famílias completas, com mulher e filhos, caminhando em direção a La Moneda, com suas 'frazadas' (cobertores), dispostos a passar a noite em defesa do companheiro presidente Salvador Allende, conforme havia acontecido inúmeras vezes antes. Contudo, estas mesmas familias, ao ouvirem os tiros partindo de La Moneda, vacilavam algumas em continuar a sua caminhada, temendo pelo pior. Nesta hora, precisávamos de armas e pessoal bem treinado para assumir a resistência e enfrentar o terror que certamente viria.
Continuamos a caminhada. Pudemos, mais adiante, na altura da estação Mapocho, ver o cerco realizado ao centro da capital Santiago. Os soldado estavam com os seus fuzis e suas baionetas. Por onde passei usavam um lenço vermelho, das tropas leais a Pinochet. Lenços vermelhos, da cor de sangue, traiçoeiros de sua própria nação, antecipando o sangue do povo chileno em sua jornada futura de luta contra a tirania, imposta por Pinochet, também chamado de 'Praga da Humanidade'.
Enquanto isto, Allende resistia em La Moneda, aos bombardeios da aviação e aos tanques golpistas.

Na verdade, a resistência em La Moneda fora bem curta. O golpe militar organizado para derrubar o governo de Unidade Popular de Allende tivera início na madrugada daquele mesmo dia, quando o almirante José Toribio Merino prendeu o comandante-em-chefe da Marinha, leal a Allende, e sitiou as grandes cidades costeiras de Valparaíso, Viña del Mar e Talcahuano com a ajuda da esquadra americana que estava nas costas de Valparaiso.

A estrategia dos golpista não foi atacar os bairros populares e os cordões industriais, mas sim, cercar o centro da cidade, não permitindo que ninguém entrasse ou saisse, criando um bolsão, decretando o toque de recolher, e prendendo os representantes do poder: Allende e seus ministros, e  ocupando os terrenos que detinham os simbolos de poder: o palacio La Moneda e  o centro da cidade. Depois, e somente bem mais tarde, foi para as 'poblaciones' - os bairros populares e os cordões industriais, para dominar e impor o terror, a morte e o retrocesso.
A estrategia foi, portanto, cercar o centro da cidade, construindo um cinturão em torno, e isolando a resistencia do centro da cidade para não ter contato com  a periferia.
Dominado o centro, aniquilada a resistencia, o resto - a periferia - seria mais uma questão de 'limpeza'.
A estrategia de resistencia ao golpe por parte do movimento popular era atrair os golpistas para as poblaciones e os cordões industriais. Mas o golpe mostrou que este caminho foi um erro estratégico clamoroso.
É preciso dizer que a frota americana estava em frente a Valparaiso dando cobertura ao golpe. Em verdade, a frota chilena tinha saido de Valparaiso para realizar manobras conjuntas com os americanos e voltaram a noite para o golpe de 11 de setembro, sabendo que podia contar com o apoio da maior nação imperialista de toda a históra da humanidade até hoje: os Estados Unidos da América do Norte.
Em terra, os tanques cercavam o palácio. Mensagens militares se repetiam nas emissoras de rádio controladas pelos militares, enquanto grupos de operários tentavam resistir ao golpe nos cordões industriais de Vicuña Mackenna e Cerrillos, e surgiam franco-atiradores nos edifícios do centro da capital. Pablo, que encontrei na población, não vacilou em pegar um fuzil e ir para o centro da cidade de onde, certamente, fez muitos disparos e acabou sendo preso. Voltei a encontrá-lo no Estadio Nacional em outubro, preso como nós terminamos sendo.
O golpe teve início na costa do oceano Pacífico, na cidade portuária de Valparaíso, de onde partiram tropas navais chilenas com destino a Santiago, enquanto vários vasos de guerra da marinha estadunidense estavam na costa do Chile. O plano previa que os marines - Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos - invadiriam o Chile, para "preservar a vida de cidadãos norte-americanos" - velho argumento utilizado pelo EEUU para invadir outros paises, atualmente apresentado como intervenção humanitária e dispostos a sacrificarem populações civis. Um avião WB-575 - um centro de telecomunicações - da força área norte-americana, pilotado por militares norte-americanos, sobrevoava o Chile. Simultaneamente 33 caças e aviões de observação da força aérea norte-americana aterrissavam na base aérea de Mendoza, na fronteira da Argentina com o Chile.

E foi assim que Pinochet e os civis que apoiaram o golpe, fecharam e esconderam o Chile para o mundo por uma semana, enquanto os tanques rolavam e os soldados arrombavam portas e destruiam familias. O som das execuções gritavam dos estádios do Chile, do Nacional e dos outros ao longo do pais. Os mortos se empilhavam ao longo das ruas e flutuavam nos rios. Os centros de tortura iniciaram suas atividades com treinamento e supervisão de militares torturadores brasileiros presentes. Os livros considerados subversivos eram queimados, relembrando os tempos de Hitler e da Inquisição medieval.
Temos que relembrar e condenar este ataque contra a democracia e um governo eleito democraticamente, ataque realizado com apoio, dinheiro, supervisão, navios de guerra e armas fornecidos pelo terror  norte americano.
Quatro meses depois do golpe de 11 de setembro de 1973 o balanço já era atroz: quase 20 000 pessoas assassinadas, 30 000 prisioneiros políticos submetidos a torturas selvagens, 25 000 estudantes expulsos de escolas e 200 000 operários demitidos. Com isto se acrescentou às dores e aos sofrimentos impostos aos trabalhadores chilenos pela opressão capitalista, novas dores e novos sofrimentos, com a ditadura de Pinochet, que poderia ter sido evitado, caso tivesse sido organizado uma resistência a altura.
Temos que relembrar, para não esquecer jamais que, em defesa dos seus interesses, seja de petróleo ou área de influencia, os norte americanos estarão sempre dispostos a invadir e impor o terror onde quer que seja, usando os mais torpes argumentos, falando em defesa de valores humanos, mas pouco se lixando quantos civis morrem, nem quantas familias são destroçadas, desde que eles tenham total acesso a riqueza, exploração e pilhagem das riquezas de um povo que não ousa se defender.


Referência:

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A construção e escalada de um estado policial

Se alguém acredita que os problemas nas comunidades e as contradições com as forças militares de ocupação, também chamadas de 'Comando Verde (CV)',  vêm de hoje ou de ontem, está muito equivocado. Acreditar que a solução de graves e históricos conflitos sociais nas comunidades podem ser feitas na ponta de um fuzil, usando spray de pimenta ou balas de borracha, tem que ser muito ingênuo ou estar decididamente do lado da opressão.
A seguir procuramos apresentar alguns videos das situações reais vividas pelos moradores, sem o alarde da midia dos PIGs, que a todo momento falam de área retomada, escamoteando e disfarçando com isto os conflitos sociais existentes, a opressão, o vandalismo e a violência praticada pelas forças militares de ocupação do Comando Verde.


Neste video, a esquerda, de 04/09/2011, podemos ver militares atirando gás de pimenta, sem nenhum motivo, na cara de moradores:
Complexo do Alemão - Isso é o jeito certo de trabalhar ?
Neste outro, a direita, de 05/09/2011, por causa de som alto na TV, o Exército considera desacato a autoridade - forma ainda simplificada, embrionária, aparentemente ingenua para auto de resistencia usado por policiais para assassinar civis - e prende moradores.
Exercito atira em moradores do Complexo do Alemão por causa de som alto na TV (Ricardo Gama).


A população não obedece ao toque de recolher nas comunidades e com toda a razão. Não se trata dos militares  'saberem lidar' - é uma tropa de ocupação como as forças nazistas eram ou os traficantes são. Pouco se diferem. Todos estabelecem e impõem seus códigos, independentes da comunidade, dos valores sociais do local, visando basicamente sempre o bem estar do poder que representam - ou do bem estar do chamado Estado de Direito - com Gilmar Mendes/Dantas a frente ou o chamado Estado Paralelo com o tráfico e as milicias  a frente e sua intimidade mais promiscua com a corrupção politica-estatal, que arruina a instituição parlamentar, corrompe e arruina também as demais instituições, os sustentáculos fundamentais do Estado: o exército, a policia e a magistratura.
Isto tudo é usado pela midia para desmoralizar ainda mais o Estado, suas instituições, e mostrar sua falência e a sua incapacidade de administrar a sociedade, incapaz até de resolver crimes cometidos, mandando simplesmente arquivar processos, como uma forma de se livrar do problema e não de resolve-lo. Com isto os PIGs terminam clamando por um Estado forte, muito mais que um estado policial.
Moradores são atacados por militares no Complexo por causa de volume de TV (Voz da Comunidade) em 05/09/2011:
Na apresentação a esquerda, os militares atacam moradores ferindo inúmeras pessoas com balas de borracha atiradas a queima roupa. Confira as imagens.
Decididamente as imagens mostradas acima não conduzirão o pais a avanços sociais e econômicos. O risco que enfrentamos é sim de uma escalada no Estado policial-militar. E não se trata de uma questão de 'saber lidar com a população' pois isto, no fundo, quer dizer: mantenha tudo em paz como está, sem mudar nada.
O pais precisa de investimentos e de uma industria forte para gerar empregos e garantir a ocupação e remuneração da população. Não bastam programas sociais, cinemas super modernos e baratos, com entrada a R$ 4.00, como na Nova Brasilia, se é decretado o toque de recolher pelo Comando Verde. Como desfrutar do cinema agora? Foi combinado alguma coisa com os comandantes militares?
Os investimentos em emprego e ocupação, que deveriam ter a máxima prioridade, são desviados para garantir o  'superavit primário' para com isto poder remunerar as aplicações financeiras e os recursos para pagamento da dívida pública. As altas taxas de juros, que são um custo para a nação, e terminam influenciando na inflação, só aumentam a divida pública e dificultam os investimentos em infraestrutura, na economia e na indústria, que é a maior geradora de empregos.

Depois de dezenas de anos de descaso com as populações marginalizadas, Sérgio Cabral já mostrou a que veio. Não é a toa que a comunidade grita 'Governador trocou seis por meia dúzia. A ditadura continua".
Sua solução, como a de Eduardo Paes, é a da escalada policial, em um 'Choque de ordem', que só faz lembrar os choques elétricos dos torturadores dos DOI-CODI e da OBAN da ditadura. Choque de ordem que emite ordens mediocres, sendo capaz de se rebaixar ao ponto de impedir que quem vende côco na praia não pode abrir o côco, usando um facão, para poder melhor servir ao cliente. Nem se pode tampouco vender queijo coalho sob o argumento de que 'emporcalha'  a praia - e não os esgotos sem tratamento da prefeitura. 
É claro que dentro deste quadro de escalada de um Estado  policial, temos que perguntar:
Qual o cuidado que a DIlma, e o movimento social,  devem ter com as forças militares e policiais?
Estas forças são, em essência, os representantes do Estado. E é justamente por serem os representantes do Estado que se sujeitam a ocupar os espaços sociais das comunidades para garantir o Poder reinante e o nivel de opressão estabelecido.
As forças militares servem ao Soberano - que seja Ditador, Imperador, Príncipe, Rei, Presidente ou Presidenta -  a que devem obediência, ao Estado e as classes dominantes. E as forças militares servirão ao soberano, a Dilma, enquanto ela for útil e servir aos interesses do Estado e da classe que o domina e mantem o controle deste Estado.
Neste contexto, qual é o jogo politico a exercer para garantir um mínimo de democracia, só pode se encontrar e ter sobrevida na ampla mobilização dos movimentos sociais. Fora disto é fazer o jogo do Poder atual  sem lutar por mudanças.

sábado, 9 de julho de 2011

A Bandalha Larga

Em 1995 um provedor no Rio de Janeiro pagava R$ 7.500,00 por 64 Kbits/s de Internet a Embratel.
Desde então o valor da banda tem caido assustadoramente. Hoje os grandes provedores compram banda a R$ 80.00 / cada 1 Mbits/s das operadoras Intelig, Embratel, GVT, CTBC, Telefonica, etc.
A tendencia de queda é inexorável e permanente seguindo a tendencia geral de queda de preços e melhor qualidade de todos os produtos e serviços da área da Informática.
Podemos portanto prever que dentro de 10 anos estaremos recebendo 100 Mbits/s em casa a um valor que não vai passar dos R$ 100.00. Esta é uma tendencia certa e segura, independente do que o governo faça, deixe fazer ou mesmo trabalhe contra.

O que não temos no Brasil é a Internet no interior e para as populações menos favorecidas o que termina caracterizando como sendo uma grave questão social de cidadania. E, é neste caso, que temos que discutir o papel do governo: para que servem afinal as politicas públicas!
Esta é que é a questão!
Negociar 1 Mbits/s a R$ 35.00 com as teleoperados e livrá-las de outras obrigações é demagogia e o mais puro cinismo. Foi usado o pretexto da Banda Larga para livrar as operadoras de certas obrigações que elas não estavam querendo cumprir. Além disto, se firmou no termo de compromisso a possibilidade de venda casada, que desde o ponto de vista de defesa do consumidor, é um escândalo.
Ainda mais quando temos muitos provedores, até de pequeno porte, já vendendo 1 Mbits/s por R$ 35.00.
A questão crucial do pais é levar a Internet ao interior do pais e as populações menos favorecidas.
O que está ocorrendo é que sob o pretexto de ampliar a banda larga está se contrabandeando favores as teleoperadoras.
Preços e velocidade podemos considerar metas secundárias, já que inexoravelmente ocorrerão. O que não é certo é a democratização do acesso a Internet pelo interior do pais e para todos os lugares e classes sociais.

Termo de compromisso
Acaba de ser publicado nos jornais que se firmou um termo de compromisso na última quinta-feira, dia 30 de junho, entre o governo fedreral e as concessionários de telefonia fixa, para vender Backbone Internet para os provedores, que são cerca de 2900 no pais, a R$ 1.100,00 por 2 Megabits/s ...
Piada! Os pequenos provedores já compram na faixa de R$ 200,00 cada Mega. Os grandes provedores compram, para quantidades na faixa de 1 Gigabit/s = 1.000 Mbits/s a R$ 80,00 o Mega.
Se formos aceitar as contas do governo e de muitos outros em que cada Mega do Backbone pode ser vendido para 10 clientes finais, teriam portanto que vender cada Mega a menos de R$ 35.00 / Mbits/s!
E, observe bem que, se as operadoras OI, Embratel, GVT, CTBC, Telefonica podem vender, no atacado, por R$ 80.00 por Mbits/s, qual é o custo real deles? Por quanto podem conseguir realmente vender? Talvez, digamos, por R$ 8.00 por Mbits/s?!

Afinal prometer 5 Mbits/s daqui a 4 anos e nada é a mesma coisa. O crescimento da banda larga é inevitável ... nos grandes centros. Daqui a 4 anos teremos 5 Mbits/s nas casas dos consumidores, com o governo ajudando, sem ajudar ou mesmo indo em contra.

Para comprovar isto, podemos calcular o aumento da velocidade da Internet no Brasil desde o surgimento da Internet por aqui, em 1995.

Evolução da Internet para o usuário
Lembrando que em 1995 tinhamos a Internet a uma velocidade de 9.6 Kbits/s e qualquer coisa acima disto, tipo 14.4 kbits/s ou 33.6 Kbits/s era algo bastante comemorado, como foi comemorado o surgimento das ligações DVI que prometiam 64 Kbits/s e 128 Kbits/s.
Hoje temos, e é comum e normal, a Internet com 1 Mbits/s, e os clientes reclamando que querem no minimo 2 Mbits/s.
A GVT, a OI, Telefonica, CTBC, Embratel e a NET TV estão oferecendo pacotes de 10 e 15 Mbits/s no Rio e velocidades maiores em São Paulo.
Vamos ficar numa media baixa e considerar que para este ano, temos um padrão de 2 Mbits/s nos acessos a Internet.
Em 15 anos tivemos, no pais, um crescimentos da velocidade da Internet portanto de 2000/9.6 = aprox. a 200 vezes.
Ou seja, o crescimento da velocidade da Internet a cada 5 anos (15 anos de Internet / 5 = 3) resulta em aprox. (raiz cubica de 200) = crescimento de 6 vezes a cada 5 anos, desde o ponto de vista do usuário.

Projetando para daqui a 5 anos, teremos uma velocidade média baixa de 2 Mits/s (hoje)* 6 = 12 Mbits/s para todos, com operadoras oferecendo planos de 100 Mbits/s, considerando uma situação similar com os dias de hoje, onde temos uma Internet popular de 2 Mbits/s e planos de 10 Mbits/s e 15 Mbits/s sendo alardeados pelas operadoras GVT, OI, Telefonica, CTBC e NET TV.
O valor destes 12 Mbits/s terá, também, um preços popular na mesma faixa do que hoje temos 2 Mbits/s.


Evolução da Internet no atacado para os provedores
Podemos fazer um cálculo semelhante com a velocidade e os preços para os provedores. Em 1995 se comprava Backbone Internet da Embratel por R$ 7.500,00 por 64 Kbits/s, como uma velocidade básica. Hoje pode-se comprar 1 Mbits/s por R$ 80.00. A velocidade de venda no atacado, de banda, aumentou em 15 anos de 1000 Kbits/s / 64 Kbits/s = aprox 15 vezes. A cada 5 anos tivemos portanto um crescimento de (raiz cubica de 15) aproximadamente = a 2.5 (dois e meia) vezes.
Quanto aos preços tivemos uma queda de R$ 7.500,00 / R$ 80.00 = aprox 90 vezes. Da mesma forma podemos dizer que a evolução foi de (raiz cubica de 90) = aproximadamente a 4.5 (quatro e meia) vezes a cada 5 anos.
A variação total de preço e banda, a cada cinco anos, foi de aproximadamente 2.5 * 4.5 = 11.25 vezes (onze e 25 centesimos)! Em palavras: aprox onze vezes foi a velocidade de crescimento agregado da Internet no Brasil, considerando preço e banda. Se considerarmos os últimos quinze anos, a evolução foi de 15 x 90 = 1350 vezes.

Se mantivermos um dos fatores constantes, os provedores poderão comprar, no atacado, dentro de 15 anos, 1 Mbits/s (hoje) * 15 = 15 Mbits/s por menos de R$ 100.00, digamos.
Ou, da mesma forma, poderão comprar, dentro de 15 anos, 1 Mbits/s por menos de R$ 80.00 / 90 = menos de R$ 1.00 ! Com isto, a Internet poderá ser vendida por menos de R$ 10.00 por Mbits/s.

Os cálculos feitos acimas, para evolução de velocidade e preço são aproximados, para se ter uma noção da rapidez com que o setor evolui. Evidentemente que podemos prever que, em determinado momento, não se discutirá a velocidade da Internet para o usuário pois chegaremos a um patamar em que todos os usuários, pessoas físicas, estarão satisfeitos.

Limites
Os limites do pacote negociado com as teles evidenciam as poucas garantias dadas ao usuário. O pacote de 1 Mbits/s a 35 reais por mês será oferecido em tecnologia fixa ou móvel, dependendo da disponibilidade, e atingirá todos os municípios que tem rede de telefonia fixa até 2014. Contudo, foram determinadas várias limitações nesses pacotes:

- Franquia de download – os usuários terão franquias crescentes (para a Telefônica, elas começam em 300 Mb por mês na rede fixa e 150 Mb na rede móvel; para a Oi, começam em 600 Mb). Até 2014, esse valor chegará a 1 Gb e 500 Mb. Concretamente, 1 Gb equivale a menos de um filme baixado por mês. Após o uso dessa franquia, a operadora poderá reduzir temporariamente a velocidade do serviço. Esse limite condiciona completamente o uso da internet e impede o uso pleno do serviço;
- Limite de velocidade de upload – até 128 kbps – é apenas duas vezes a velocidade de uma conexão em linha discada e na prática vai dificultar que o usuário publique fotos, vídeos etc.;
- venda casada – embora o ministro tenha afirmado que o pacote de 35 reais não estaria condicionado à venda casada, o termo de compromisso permite essa prática na banda larga fixa, com teto de 65 reais para o pacote. O pacote de 35 reais sem venda casada só é obrigatório na banda larga móvel.

Ao se estabelecer no termo de compromisso a quantidade de Internet que é vista, trafegada, pesquisada, examinada pelo usuário, que pode ser um pesquisador, estudante, cineasta ou mesmo um curioso, se acaba castrando os avanços da Internet no pais e jogando por terra o que se pretende ser uma velocidade de navegação aceitável, como se a Internet fosse uma mera diversão ou passatempo:

- Agora chega! Você já foi longe demais!

Ampliação da base
Poderiamos esperar que se firmasse um acordo para prover Internet, pelo menos de razoavel qualidade, aos 100% da base de assinantes. Não foi este o caso. O termo de compromisso fixa em 15% da base de assinantes, hoje cerca de 42 milhões de residencias. Na prática o compromisso 'estende' - parece piada e é - a banda larga a 6 milhões de assinantes. Ou seja, os 6 milhões de assinantes, com certeza situados nos grandes centros urbanos, onde a oferta e a concorrencia já é bem acirrada, saem mais beneficiados com este 'Termo de compromisso': é a concentração da informação e da tecnologia digital favorecendo e ajudando ainda mais a concentração da renda no pais.

Conclusão
Acho assustador como as pessoas não procuram calcular sobre o que está sendo ofertado e não percebem como este acordo feito é absolutamente escandaloso, cinico e descarado. Os governantes acham, seguramente, que os usuários e consumidores são um conglomerado de idiotas, ou algo semelhante, incapazes de perceber o que realmente acontece.
Mais do que nunca é importante que o movimento popular catalogue as reinvidicações e enumere detalhadamente os pontos que devem ser alcançados. No caso, temos que colocar o pleno atendimento, inicialmente, a toda base de assinantes das operadoras sem limite aos 15 % do termo de compromisso. O segundo ponto é a extensão da Internet a todos os pontos do território nacional sem distinção.
Quando não fazemos isto, nos detalhes, abrimos espaço para individuos encamparem as reinvidicações populares para em seguida privatizarem os justos anseios nacionais, esvaziarem o movimento popular e ainda acabarem se apresentando, em uma eleição próxima, como os conquistadores dos 'avanços'. É um novo tipo de peleguismo, renovado tecnologicamente.

Poderiamos querer uma Internet sem limite de velocidade, da mesma forma que na Alemanha os carros não tem limite de velocidade nas autoestradas. Mas isto, logicamente, é irreal. Tudo tem seu limite. O que nos resta é determinar que serviços queremos dentro dos limites que fixamos.
Em termos de velocidade de banda, podemos estabelecer o marco de 10 Mbits/s como um alvo ideal para todo consumidor.
Porque 10 Mbits/s?
Porque, com esta velocidade, pode ser entregue Internet, telefonia e televisão de boa qualidade. Os 3 serviços podem ser considerados um só! Podemos destacar também que existem opiniões divergentes a este respeito. Muitas acham que é suficiente menos de 5 Mbits/s para oferecer estes 3 serviços: Internet, telefonia e televisão.

A Internet surgiu e tem sido apresentada como um serviço agregado, derivado da telefonia e da televisão. E é com base neste principio que o 'Termo de Compromisso' foi assinado, usando-se preceitos que se baseiam numa premissa que está sendo ultrapassada e que tem sido usado para fortalecer as teleoperadoras Oi, Embratel, CTBC, GVT e Intelig. É importante considerar a nova situação, que vivemos hoje, que coloca a Internet na vanguarda e os serviços de telefonia e televisão como serviços acessórios e derivados, contidos dentro da Internet, como é o caso de VOIP - Voice over IP, IPTV - Televisão pela Internet, etc. Podemos mencionar outros serviços realizados, que só se tornaram realidade com a Internet, como seja, o comércio eletrônico, as redes sociais, etc. É com base nestas caracteristicas que se fala em convergência digital e que unirá a Internet, com cerca de 1,1 bilhão de usuários no final de 2006; telefones celulares com 2.7 bilhão de usuários e televisão, com cerca de 1.4 bilhão de aparelhos em uso.

O papel do governo e das politicas publicas é se voltar para TODO o pais e as populações menos favorecidas e afastadas dos grandes centros, incorporando a todos na sociedade, sem distinção, construindo com isto uma nação forte, se comunicando diretamente entre si, capaz de se posicionar bem internacionalmente e sem a forçada intermediação, enfoque unilateral e muitas vezes censura das grandes midias,

Não podemos aceitar que, em nome de uma justa reinvidicação, se acabe fazendo um trabalho de confundir Banda Larga com Bandalha para com isto favorecer as Teleoperadoras e algum grupo com quem, alguns, tem seguramente intimidades a velocidades muito superiores a 100 Mbits/s, talvez mesmo na faixa dos Gigabits/s.

domingo, 19 de junho de 2011

Redes sociais derrotam Berlusconi

Do homem primitivo a Berlusconi
O plebiscito na Itália ocorrre em um momento em que Berlusconi está envolvido em três processos judiciais, que incluem acusações de suborno, fraude e prostituição de uma menor de idade de 17 anos, este último conhecido como Caso Ruby.
Enquanto aqui no Brasil a mídia colonizada chora as dores de Berlusconi e da juventude fascista que protestam contra a libertação de Cesare Battisti, por lá o povo derrotou o magnata das comunicações no plebiscito de domingo. De uma vez, votaram pelo fim do uso da energia nuclear, contra a privatização dos serviços de águas e esgotos e, principalmente, contra privilégios aos altos escalões do governo perante tribunais: a lei de “legítimo impedimento” (a imunidade penal, que permite a Berlusconi não comparecer aos seus julgamentos alegando deveres de chefe de Estado), fato que ainda persiste em paises retrógrados e reacionários como o Brasil.
Os dados apontam que as quatro consultas teriam alcançado 57% de participação, o que as torna válidas. Pela lei italiana, uma consulta popular precisa de 50% e mais um voto para ter valor legal. As respostas aos questionamentos foram favoráveis à revogação em 96% dos casos.
Os sinais de novidade já estavam visíveis durante a campanha eleitoral para o referendo que decretou - na segunda-feira passada - uma nova derrota do governo Berlusconi. Foi uma campanha sem comícios nem cartazes. As televisões italianas receberam ordens de dar pouco destaque, ou mesmo ignorar o referendo. Vale lembrar que Sílvio Mussolini Berlusconi é dono do conglomerado de mídia Mediaset, um dos maiores da Europa, com diversas editoras e emissoras de tevê em seu espólio. De nada adiantou.
Isso porque a Internet, em compensação, falou - e muito. Sites como Facebook, Twitter e YouTube foram os grandes protagonistas de uma campanha eleitoral que pela primeira vez na Itália foi feita sem a presença antiga e tradicional dos partidos políticos. Desde 1995, nenhuma consulta do gênero conseguiu atrair tanta gente às urnas.
O governo Berlusconi ainda mantém maioria no Parlamento devido ao apoio da Liga Norte, mas a oposição já pede que ele se demita. Porém, Berlusconi garante que fica no poder até o fim de sua legislatura em 2013.
Vídeos cômicos foram uma das armas
Os italianos decretaram com seu voto que não aprovam os planos para a construção de usinas nucleares no país, que não aceitam a privatização da rede hídrica, e revogaram a lei que permite a ministros - e principalmente ao primeiro-ministro - não comparecer às audiências de processos em que são réus, alegando o chamado "legítimo impedimento", ou seja a impossibilidade de ir à corte por compromissos de governo. Esta impunidade que a Itália rechaça e que no Brasil é lei que protege os politicos eleitos com julgamentos privilegiados ou mesmo que nunca serão julgados. Vale lembrar a emenda à Constituição do Estado do RIo, do deputado Zaqueu Teixeira, do PT do Rio, que blinda autoridades, impedindo a ação da justiça e com isto garantindo a impunidade aos criminosos do Estado que exercem cargos públicos.
A TV ficou calada por ordens de seu chefe, o novo Mussolini italiano: Berlusconi. Mas os internautas discutiram tudo sem limites e sem censura. E festejaram a grande vitória popular, decretada por esmagadores 96% dos votos contra o governo. E tudo isso com outra grande novidade na política italiana, que sempre se levou muito a sério: o uso maciço do bom humor e da irreverência no território livre da Internet.

Uma profusão de vídeos se encarregou de desmantelar a imagem de Berlusconi.
A pegadinha mais divertida e clicada na web foi a paródia do filme "Apertem os cintos, o piloto sumiu!": num avião todo decorado com os símbolos do PDL (Il Popolo della Libertà - o partido berlusconiano). Uma aeromoça comunica aos passageiros que voltam de um fim de semana na mansão de Berlusconi, em Antigua, evidentemente com tudo pago com o dinheiro do estado, do contribuinte, que, apesar das tentativas de boicote ao voto, os italianos foram às urnas em massa. Além de revogarem a privatização da água e das usinas nucleares, revogaram também a imunidade judiciária do "capo". Estas notícias causam  pânico entre os passageiros.
O autor do vídeo é Mauro Casciari, famoso no YouTube com o seu canal La Voce del Padrone, especializado em humor político, com muitas outras pegadinhas, como a de Berlusconi que interrompe a oração do Angelus do Papa com um telefonema indignado. Inúmeros outros Videos foram produzidos.
Berlusconi - um retrocesso
Num momento em que o governo sofreu a segunda derrota em 15 dias - a primeira foi nas eleições locais, em que Berlusconi perdeu Milão e Nápoles - ficou evidente que a direita italiana não tem a menor consciência do poder da Internet. Berlusconi continua falando de "cassetes", ignorando até mesmo a existência dos DVDs. Aos 74 anos, ele continua agarrado ao único meio de comunicação que conhece, domina e possui: a TV, a outra grande derrotada do referendo.
Enquanto isso, as redes sociais se preparam para uma nova batalha, desta vez para revogar a lei eleitoral italiana, que não deixa os eleitores votarem em candidatos, mas só em partidos e coalizões. Por enquanto, nada de comícios e passeatas. O debate ferve no Twitter e no Facebook, onde há quase 20 milhões de usuários italianos, numa população de 60 milhões.
A Internet salvará a liberdade da informação e com ela será dificil dar uma só versão da informação.
Telecamera nascosta
Prostíbulo televisivo
Io sono Berlusconi ...
Meleca




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Mamma mia, Pisapia!
Pânico a bordo

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domingo, 5 de junho de 2011

Mais um agricultor foi morto no Pará

Mais um agricultor foi morto no Pará. Esta já é a quarta morte em uma semana. O corpo foi encontrado no sábado, dia 28 na mesma área onde morreram José Claudio e Maria do Espírito Santo.
Segundo o advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, José Batista Afonso, a vítima é Erenilto Pereira dos Santos, de 25 anos, que levou um tiro na cabeça. Ele seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matar o casal ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos na terça-feira, dia 24 de maio.
Veja abaixo video depoimento de José Cláudio Ribeiro da Silva.
Velorio Jose Claudio e Maria do Espirito SantoNa sexta-feira, dia 27 de maio, o agricultor Adelino Ramos, de 56 anos, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dinho, como era conhecido, foi alvejado por um motociclista quando estava em seu carro na companhia da esposa e de duas filhas. 
Ele chegou a ser socorrido em um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a CPT, Ramos vinha sendo ameaçado há algum tempo por madeireiros da região. A pressão teria piorado após ações do Ibama que resultaram em apreensão de madeira extraída ilegalmente e de cabeças de gado.
Ramos era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995 em Rondônia, e integrava o Movimento Camponês de Corumbiara. Apontado pelos latifundiários locais como um dos líderes do movimento, o camponês passou a sofrer perseguições, assim como o filho, Claudemir Ramos,
Como é comum no Brasil, de vitimas foram transformados em criminosos pela justiça de Gilmar Mendes: os dois chegaram a ser processados com base na investigação do Ministério Público Estadual, que por sua vez levou em conta a apuração conduzida pela Polícia Civil, dominada pelas madeireiras do local. Claudemir acabou condenado e, desde 2004, é dado como foragido. Adelino se livrou do processo, mas não das perseguições. Pai e filho não se viam há dez anos.
O Massacre de Corumbiara
O massacre de Corumbiara foi o resultado de uma ação violenta de jagunços e policiais ocorrido em 9 de agosto de 1995 no município de Corumbiara, ao sul do estado de Rondônia. O conflito começou quando policiais e jagunços foram desalojar camponeses sem-terra que estavam ocupando uma área.
    Video Massacre de Corumbiara parte 1/2
Em agosto de 1995, cerca de 600 camponeses haviam se mobilizado para tomar a Fazenda Santa Elina, tendo construído um acampamento no latifúndio improdutivo. Na madrugada do dia 9, por volta das três horas, pistoleiros armados, recrutados nas fazendas da região, além de soldados da Polícia Militar com os rostos cobertos, como se fossem bandidos, criminosos, iniciaram os ataques ao acampamento.
Mulheres foram usadas como escudo humano pelos policiais e pelos jagunços do fazendeiro Antenor Duarte. A pequenina Vanessa, de apenas seis anos, teve o corpo trespassado por uma bala "perdida", quando corria junto com sua família. Cinquenta e cinco posseiros ficaram gravemente feridos. Os laudos tanatoscópicos provaram execuções sumárias. O bispo de Guajará Mirim, dom Geraldo Verdier, recolheu amostras de ossos calcinados em fogueiras do acampamento e enviou a Faculté de Médicine Paris-Oeste, que confirmou a cremação de corpos humanos no acampamento da fazenda.
Desde 1985 os camponeses se organizavam, tendo criado as vilas de Alto Guarajús, Verde Seringal, Rondolândia, e mais tarde o povoado de Nova Esperança - posteriormente cidade de Corumbiara. Dez anos depois, foram vítimas da chacina. E até hoje os parentes das vítimas aguardam a indenização. É uma das vergonhas de Rondônia. É uma das vergonhas nacionais.
    Video Massacre de Corumbiara parte 2/2
A assessoria jurídica da CPT RO e a CJP (Comissão Justiça e Paz de Porto Velho) acompanham o processo judicial a favor da indenização das famílias vítimas da chacina.

O PMDB e o Ministério da Agricultura
Quando o vice-presidente, Michel Temer, chama o ministério da agricultura de 'ministério de merda', fato amplamente noticiado nos jornais de sabado dia 28 de maio, fica claro, para todos, a importância  (de merda) que o PMDB, aliado do governo, dá a reforma agraria no Brasil e a necessida de  mudanças nas relações agrárias e na questão da propriedade rural.
Não há como, depois destas palavras, apagar da memória e superar o massacre de Corumbiara, em que Dinho, Adelino Ramos, foi um dos líderes do movimento e um sobrevivente, assim como o filho, Claudemir Ramos.
O massacre foi realizado pelo Comando de Operações Especiais, comandado na época pelo capitão José Hélio Cysneiros Pachá, que jogou bombas de gás lacrimogênio e acendeu holofotes contra as famílias. A chacina ocorreu no governo do agora senador Valdir Raupp (PMDB).
Ou seja, os patifes, bandidos, responsáveis pela impunidade do massacre, alojam-se hoje na mesma sigla: o PMDB. Com isto, sai governo, entra governo, continuam sempre em postos importante, seja como vice-presidente ou como senador.
Por falar em impunidade, quando se defende a anistia a (des)matadores, que é o que Aldo Rabelo do PCdoB faz, isto representa, em sua essência, a defesa da impunidade e a anistia, antecipada, aos matadores. Matadores e desmatadores assim se confundem e se mantem impunes.
Não adianta as pretensas boas leis de hoje se amanhã alguém virá defender no congresso uma lei que irá perdoar os crimes de hoje. Isto, no fundo, representa a mais descarada e cinica defesa da impunidade.
Fatos relacionados:
O filme “Corumbiara”, de Vincent Carelli, relata outro massacre na década de 1980, neste caso de indios na Gleba corumbiara, ao sul do estado de Rondonia. O filme foi premiado em diversos festivais no Brasil e continua recebendo vários convites para participação em mostras e festivais.
A seguir, a sinopse do Filme:
“Corumbiara”, 117 min, 2009, de Vincent Carelli. Em 1985, o indigenista Marcelo Santos, denuncia um massacre de índios na Gleba Corumbiara (RO), e Vincent Carelli filma o que resta das evidências. Bárbaro demais, o caso passa por fantasia, e cai no esquecimento.
Marcelo e sua equipe levam anos para encontrar os sobreviventes. Duas décadas depois, “Corumbiara” revela essa busca e a versão dos índios...

domingo, 15 de maio de 2011

13 de maio e o Haiti

Toussaint L'Ouverture
No Brasil se comemora, como grande feito, a abolição da escravidão em 13 de maio de 1888, como um belo produto de um império vergonhosamente decadente que, já que nada mais tinha a esperar ou nada mais conseguia produzir, se dispunha a mais uma concessão impossível de continuar reprimindo. O Haiti já tinha, nesta época, acabado com a escravidão há 84 anos, na única revolta de escravos vitoriosa da humanidade, poupando com isto as mortes por maus tratos, torturas e privações de 84 anos a mais que o Brasil humilhantemente contabiliza.
O Haiti foi o primeiro pais que conquistou a independencia nas Americas, depois dos EEUU, em 1804, após batalhas, revoltas e insurreições no período de 1791 a 1804, em boa parte influencidas pelas idéias da Revolução Francesa de 1789.
Considera-se a Revolução Francesa de 1789 o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história contemporânea. Foi o maior levante de massas até então conhecido que fez por encerrar a sociedade feudal, atrasada, levando a queda do antigo regime e abrindo caminho para a sociedade industrial, burguesa e mais avançada.
Nenhuma outra revolta de escravos da humanidade conseguiu resultados comparáveis as vitórias da revolta de escravos do Haiti que conseguiram se separar da metropole francesa, em uma luta original em que conseguiram derrotar o melhor, maior e mais bem armado exército do mundo: o exército frances de Napoleão Bonaparte.
Para entender melhor esta luta é necessário realçar a personalidade da figura que liderou a rebelião: Toussaint L´Overture, que para muitos historiadores foi um lider notável em uma época de lideres notaveis.
A ambição frustrada de Napoleão Bonaparte e da burguesia francesa e o ódio que tinham do 'escravo rebelde' fez com que armassem uma enorme frota em 1802 para invadir o Haiti, sob o comando do general Victor Emmanuel LeClerc, esposo da sua irmã Paulina. O plano era desarmar os haitianos, deportar Toussaint e restaurar a escravidão - este aviltamento final da Revolução Francesa de 1789. O general negro (Toussaint L´Overture) foi convidado para chegar a um acordo num dos navios, mas foi preso, traido e enviado ao forte de Joux situado na França, nas montanhas do Jura. Napoleão decidiu matá-lo por maus tratos, frio e fome. Seus carcereiros o humilhavam, diminuiram sua comida e quando chegou o inverno, reduziram sua cota de lenha para aquecimento. Não é muito diferente a que Bradley Manning, o soldado norte-americano preso em maio de 2010 no Iraque, supeito de ter passado informações restritas ao site WikiLeaks , é submetido nos EEU.
Logo Toussaint L´Overture foi achado morto, “sentado, com a testa encostada ao muro da chaminé, em 7 de abril de 1803”. Este foi mais um crime covarde cometido por ordens de Napoleão Bonaparte. A luta de Toussaint e sua morte  é muitas vezes citada como uma das tragédias da humanidade.
A Revolução Haitiana, também conhecida por Revolta de São Domingos (1791-1804) foi um período de conflitos brutais, revoltas, insurreições contra a tirania da escravidão e sublevações na colônia de São Domingos, única forma de se eliminar a escravidão e alcançar a independência do Haiti como a primeira república governada por pessoas de ascendência africana. Apesar de centenas de rebeliões ocorridas no Novo Mundo durante os séculos de escravidão, apenas a revolta de São Domingos, que começou em 1791, obteve sucesso em alcançar a independência permanente, sob uma nova nação. A Revolução Haitiana é considerada como um momento decisivo na história dos africanos no novo mundo.
A obra de C. L. R. James, Os Jacobinos Negros, descreve estes fatos, dando uma abordagem histórica revolucionária. Este livro foi lançado pela primeira vez em 1938, as vesperas da 2a. Guerra Mundial e nele C. L. R. James aproveita, fazendo um paralelo da situação fascista vivenciada naquele momento, com a revolução haitiana e ataca 'os liberais e social-democratas que hesitam até que o machado do fascismo caia em suas cabeças, ou um Franco comece a sua contrarevolução cuidadosamente planejada'.
Diferentemente do livro de C.L.R. James, que é um documento histórico, está o livro de Isabel Allende: 'La Isla Bajo el Mar', publicado em 2009, que é um romance justamente sobre este periodo. Quando comecei a ler me surpreendi com datas e lugares históricos e pude constatar, após uma pequena pesquisa que ela, Isabel Allende, sobrinha de Salvador Allende, descrevia, verdadeiramente fatos históricos.  Depois em uma entrevista Isabel afirma que, após um longo estudo histórico sobre a revolta de escravos do Haiti, despertou um dia com a idéia da personagem Zarité Sedella que percorre as páginas do romance.
Assim, Isabel Allende, apresenta Zarité:
'Em meus quarenta anos, eu, Zarité Sedella, tive melhor sorte que outras escravas. Vou viver longamente e minha velhice será feliz porque minha estrela - mi z'etoile - brilha também quando a noite está nublada. Conheço o gosto de estar com o homem escolhido por meu coração quando suas mãos grandes excitam a minha pele.'

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A quem interessa confundir doença mental e violência?

A questão que vale no caso de Realengo, e que é a real, é a questão do doente mental e da juventude que não recebem o devido apoio no Brasil.
O doente mental teve um  tratamento deteriorado no pais, principalmente após a  implantação da ditadura em 1964.
Nomes como Nise da Silveira, médica psiquiatra, nascida em Maceió em 15 de fevereiro de 1905, falecendo em 30 de outubro de 1999, com 94 anos, no Rio de Janeiro, contribuiram significativamente para um melhor tratamento do doente mental no Brasil.
Pela posse de livros marxistas, foi levada  à prisão em 1936 no presídio da Frei Caneca por 18 meses.
Neste presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos. Assim ela tornou-se um dos personagens do livro Memórias do Cárcere.
Em 1944 é reintegrada ao serviço público e inicia seu trabalho no "Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II", no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde retoma sua luta contra as técnicas psiquiatricas que considera agressivas aos pacientes.
Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias, recusando-se a aplicar eletrochoques em pacientes, Nise da Silveira é transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Assim em 1946 funda nesta instituição a "Seção de Terapêutica Ocupacional".

Co-terapeuta
Co-terapeuta
No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela cria ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a psiquiatria então praticada no país.
Foi uma pioneira na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, que costumava chamar de co-terapeutas.
Através do conjunto de seu trabalho, Nise da Silveira introduziu e divulgou no Brasil a psicologia junguiana. Ela tem um vasto reconhecimento internacional com inúmeras obras publicadas.

Hospital Nacional dos AlienadosHospital Nacional dos Alienados A foto ao lado mostra o Hospício Nacional dos Alienados, na Praia da Saudade, Urca, Rio de Janeiro.
O prédio foi iniciado em 1842 e inaugurado em 1852, como Hospital Pedro II,  imperador que deu apoio tendo em vista os  parentes que tinha: a mãe D. Maria I de Portugal, a Louca, e o pai, D. Pedro I, que sofria de epilepsia.
D. Maria I, levou a morte o seu filho primogênito, que  ela havia impedido de  vacinar contra a varíola, por motivos religiosos.
Em 1890 tomou o nome de Hospital dos Alienados e assim funcionou até 1944 quando os pacientes foram removidos da Praia Vermelha para o novo hospício construído no Engenho de Dentro.
O prédio passou a ser usado pela Reitoria da Universidade do Brasil, hoje UFRJ.
Esta mudança, colocando o doente mental mais distante das áreas nobres, saindo da Urca para o Engenho de Dentro, indica já a desvalorização dada ao tratamento ao doente mental.
Poderiamos, inclusive, dizer que o estudo cientifico, a Universidade, expulsou o doente mental para ocupar o seu lugar no final da década de 1940. O louco e o estudante, trocam assim de lugar.
Como também, mais tarde, em 1966 e 1968, a policia, não aceita as ebulições estudantis  por mais liberdade e mais avanços  e invadem a Universidade, impondo de novo a loucura no ambiente cientifico, que perdura até a década de 1980.
Loucura, ciencia e repressão disputam o mesmo terreno, um expulsando o outro. O Hospital Nacional dos Alienados é um exemplo tipico do nosso pais, retratando bem a nossa sociedade, onde se misturam problemas e soluções, passado e futuro, avanços e retrocessos.
Não é a toa que Wellington Menezes de Oliveira, em surto psicotico, volta a escola e realiza o massacre de crianças, que representam o futuro, para que não houvesse futuro nem para ele e nem para ninguém.
O 'bullying', prática importada,  nomeada culturalmente  seguindo a sociedade doente, esquizofrenica, norte-americana, pode não ter sido o único motivo que fez com que ele causasse o assassinato em massa, mas foi um deles, segundo a carta que ele mesmo escreveu e deixou.
Não pode a sociedade brasileira se deixar tornar refém da esquizofrenia e das neuroses de guerra dos Estados Unidos e a prática absolutamente esdruxula em que um individuo que recebe o premio Nobel da Paz é hoje o Senhor da Guerra e, sabendo da posição brasileira de não atacar a Libia, é daqui que Obama manda bombardear, desrespeitando a nossa hospitalidade.
É impossivel deixar de ver alguma causa e efeito, por menor que seja.
O fato ocorrido em Realengo mostra o abandono dos nossos doentes e o abandono do nosso ensino e das nossas crianças, dos nossos jovens.
Só se fala em Wellington como assassino e não como doente, justamente para esconder o doente e o abandono da nossa juventude.
Entre os extremos da loucura, nos últimos 16 anos de governantes o que vimos foi um professor universitario, FHC, sucatear o ensino e um semianalfabeto, Lula, resgatar este mesmo ensino. Para evitar novas tragedias, Dilma tem que continuar este trabalho do Lula e fazer muito mais ainda.

Teremos tempo, nós e Dilma, para evitar uma nova tragedia e impedir que os apologistas da violencia, enrustidos em campanhas de desarmamento, desvirtuem a evolução da nossa juventude?

Pedro Alves

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O sorriso de um anjo

        Estava eu na festa dos companheiros, amigos e filhos dos 70 no Fiorentina, quando vi uma linda companheira me olhando. Mais parecia um anjo olhando um saci, feio e velho. Por alguns instantes tive a nitida impressão que ela ia bater as asas, afastando todos nós, para ocupar ela, sozinha, todo o espaço do salão do Fiorentina. Ao seu lado estava uma outra companheira, loura, forte, alemã. Com certeza sua protetora e guarda-costas.

        Aquele anjo se aproximou e disse:
        - Tenho certeza que conheço você!
        Fiquei sem dizer nada. Eu é que tenho certeza que jamais visitei o paraiso. Pelos lugares que passei só encontrei o que me lembrava o inferno e seria impossível ter conhecido aquele anjo que poderia ter, talvez um 35 anos, não mais. Eu, com os meus 65 anos, estarva mais preparado e pronto para morder a moeda e terminar de atravessar o rio da vida pagando ao balseiro a travessia.
        Mas, ela insistia:
        - Seu rosto me é muito familiar!

        Aos poucos fui aceitando trocar uma prosa: se chamava Rita Guerra e a loura ao  lado era Renata Guerra, sua irmã. Devagar fui tomando consciencia que estava em terra e descobrindo a velha companheira Ritinha do Chile. Quando a conheci devia ter uns 15 ou 16 anos, casada com o Julinho.
        Então tudo me veio a lembrança. Claro que conhecia a Ritinha. Não porque tinha um dia visitado o paraiso, mas sim porque ela também tinha passado pelo inferno, se queimado barbaramente no Chile e passado 45 dias em uma CTI, cuidando das queimaduras.
        Procurei ver como estava, as sequelas do inferno, das queimaduras, do golpe do Pinochet e de tantos outras maldições. Então vi que ela estava bem, reconstruido a vida e seguido em frente. Isto me deixou extremamente feliz.

        Este foi mais um encontro para constatar quantos de nós sobreviveram e reconstruiram suas vidas  e continuam vitoriosos pese a todos os reveses.
        Relaxei por um instante e dei dois passos para o lado, topando com o Cardozinho que me olhou com aquele enorme olhar lânguido e carente:
        - Pedro: essa companheira me olhou e gostou de mim, me sussurou!
        Sem pestanejar, me virei para a Rita e disse:
        - Rita: este é o Cardozinho. Ele está apaixonado por você!
        Por um momento pensei que o Cardozinho fosse desmaiar ou me bater. Nenhuma das duas opções ocorreu. Aparentemente o papo continuou normalmente.

        Fui então me sentar e conversar com o velho companheiro Derly de Carvalho. E estava num bom papo quando o Cardozinho veio e  se sentou ao meu lado, falando:
        - A Rita gostou de mim, disse ele!
        - Droga Cardozinho, vê se ti manca cara. Será que toda mulher que te olha você pensa que gosta de você?
        E continuei tascando o pau no Cardozinho, para ver se ele se mancava. Mas ele insistia:
        - A Rita gostou  de mim ... repetia.
        Haja carência e narcisismo! E eu continuava a dizer que ele precisava se cuidar, caramba!
        O Derly vendo aquela insistencia do Cardozinho, e o ridiculo da situação, se escancarava de tanto rir. Eu comecei a recear que a qualquer momento o Derly fosse se jogar no chão de tanto gargalhar. Seria uma situação muito bizarra!

        Lá pelas 11 horas da noite o Cardozinho pegou um taxi e foi para casa com o Luizão. Fiquei com pena dele, do Luizão.
        Por volta de 1 hora da manhã saimos, eu e o Derly, da festa e ele  foi pernoitar em minha casa.

        Chegando em casa ficamos batendo papo até 3/4 horas da manhã.
        O companheiro Derly contou as peripécias pelas quais passou, desde 1966 quando fez a academia militar chinesa e conheceu pessoalmente Mao Tse Tung,  até o retorno e os trabalhos que fez pelo Brasil depois da anistia.
        Em uma das visitas que fez a uma cidade do interior de São Paulo, diz o Derly que, chegando na cidade, se hospedou em um pequeno hotel. Lá pelas 10 horas da noite sai para dar um passeio e aproveitar os ares do povoado.
        Caminhando no meio da noite viu, indo em sua direção, um homem alto com um sobretudo até o joelho, fechado. Sem pestanejar o Derly foi também firme em direção ao desconhecido.
        Comentei:
        - Caramba Derly, só podia ser um pistoleiro. Como é que você se safou dessa?
        - Continuei firme indo em direção ao sujeito. Quando estava a dois metros de distância, o sujeito abre o sobretudo e os braços ....
        - Já sei: te apontou uma arma?!
        - Não! Ele falou bem alto: grande Derly. Há quanto tempo ...!
        - Mas, caramba, fala o Derly, não tinha a menor ideia quem era o sujeito. Mas, para não decepcionar, gritei:
        - Há quanto tempo! O que é que você tem feito! E dei-lhe um grande abraço, como se o conhecesse realmente há muito tempo ...
        - Nos despedimos e segui em frente, relata o companheiro. Um pouco adiante, parei, voltei e segui o sujeito para ver quem era e para onde ele ia ....

        Admiro companheiros como o Derly. Eu não teria esta agilidade e traquejo que  teve, não reconhecendo o sujeito mas se fazendo um grande amigo. Acho que estou enferrujado. E pude constatar isto no domingo quando fomos eu e a Elena minha filha ao aniversário da Maria Claudia em Maricá.
         Lá estavam o Paulo Gomes, Tereza Ângelo e as filhas junto com o Adair, o Colombo e a Jesse. Ai pude constatar que o Adair, com aquele eterno 'sorriso' também perdeu todo jogo  de cintura. Tampouco se lembrava com quem esteve no cinema  há 40 anos atrás nem se lembrava do Cardozinho. Mas, caramba, que fazer diante de tanta insistência do Cardozinho, que teimava em dizer, durante todo o aniversário da Maria Claudia, que  conhecia êle e tinham ido juntos  ao cinema em 1969?
         Não custava nada o 'Sorriso' dizer:
        - Você não mudou nada, Cardozinho! Que filme bacana a gente viu!

Rio, 5 março 2011
Pedro Alves