domingo, 19 de junho de 2011

Redes sociais derrotam Berlusconi

Do homem primitivo a Berlusconi
O plebiscito na Itália ocorrre em um momento em que Berlusconi está envolvido em três processos judiciais, que incluem acusações de suborno, fraude e prostituição de uma menor de idade de 17 anos, este último conhecido como Caso Ruby.
Enquanto aqui no Brasil a mídia colonizada chora as dores de Berlusconi e da juventude fascista que protestam contra a libertação de Cesare Battisti, por lá o povo derrotou o magnata das comunicações no plebiscito de domingo. De uma vez, votaram pelo fim do uso da energia nuclear, contra a privatização dos serviços de águas e esgotos e, principalmente, contra privilégios aos altos escalões do governo perante tribunais: a lei de “legítimo impedimento” (a imunidade penal, que permite a Berlusconi não comparecer aos seus julgamentos alegando deveres de chefe de Estado), fato que ainda persiste em paises retrógrados e reacionários como o Brasil.
Os dados apontam que as quatro consultas teriam alcançado 57% de participação, o que as torna válidas. Pela lei italiana, uma consulta popular precisa de 50% e mais um voto para ter valor legal. As respostas aos questionamentos foram favoráveis à revogação em 96% dos casos.
Os sinais de novidade já estavam visíveis durante a campanha eleitoral para o referendo que decretou - na segunda-feira passada - uma nova derrota do governo Berlusconi. Foi uma campanha sem comícios nem cartazes. As televisões italianas receberam ordens de dar pouco destaque, ou mesmo ignorar o referendo. Vale lembrar que Sílvio Mussolini Berlusconi é dono do conglomerado de mídia Mediaset, um dos maiores da Europa, com diversas editoras e emissoras de tevê em seu espólio. De nada adiantou.
Isso porque a Internet, em compensação, falou - e muito. Sites como Facebook, Twitter e YouTube foram os grandes protagonistas de uma campanha eleitoral que pela primeira vez na Itália foi feita sem a presença antiga e tradicional dos partidos políticos. Desde 1995, nenhuma consulta do gênero conseguiu atrair tanta gente às urnas.
O governo Berlusconi ainda mantém maioria no Parlamento devido ao apoio da Liga Norte, mas a oposição já pede que ele se demita. Porém, Berlusconi garante que fica no poder até o fim de sua legislatura em 2013.
Vídeos cômicos foram uma das armas
Os italianos decretaram com seu voto que não aprovam os planos para a construção de usinas nucleares no país, que não aceitam a privatização da rede hídrica, e revogaram a lei que permite a ministros - e principalmente ao primeiro-ministro - não comparecer às audiências de processos em que são réus, alegando o chamado "legítimo impedimento", ou seja a impossibilidade de ir à corte por compromissos de governo. Esta impunidade que a Itália rechaça e que no Brasil é lei que protege os politicos eleitos com julgamentos privilegiados ou mesmo que nunca serão julgados. Vale lembrar a emenda à Constituição do Estado do RIo, do deputado Zaqueu Teixeira, do PT do Rio, que blinda autoridades, impedindo a ação da justiça e com isto garantindo a impunidade aos criminosos do Estado que exercem cargos públicos.
A TV ficou calada por ordens de seu chefe, o novo Mussolini italiano: Berlusconi. Mas os internautas discutiram tudo sem limites e sem censura. E festejaram a grande vitória popular, decretada por esmagadores 96% dos votos contra o governo. E tudo isso com outra grande novidade na política italiana, que sempre se levou muito a sério: o uso maciço do bom humor e da irreverência no território livre da Internet.

Uma profusão de vídeos se encarregou de desmantelar a imagem de Berlusconi.
A pegadinha mais divertida e clicada na web foi a paródia do filme "Apertem os cintos, o piloto sumiu!": num avião todo decorado com os símbolos do PDL (Il Popolo della Libertà - o partido berlusconiano). Uma aeromoça comunica aos passageiros que voltam de um fim de semana na mansão de Berlusconi, em Antigua, evidentemente com tudo pago com o dinheiro do estado, do contribuinte, que, apesar das tentativas de boicote ao voto, os italianos foram às urnas em massa. Além de revogarem a privatização da água e das usinas nucleares, revogaram também a imunidade judiciária do "capo". Estas notícias causam  pânico entre os passageiros.
O autor do vídeo é Mauro Casciari, famoso no YouTube com o seu canal La Voce del Padrone, especializado em humor político, com muitas outras pegadinhas, como a de Berlusconi que interrompe a oração do Angelus do Papa com um telefonema indignado. Inúmeros outros Videos foram produzidos.
Berlusconi - um retrocesso
Num momento em que o governo sofreu a segunda derrota em 15 dias - a primeira foi nas eleições locais, em que Berlusconi perdeu Milão e Nápoles - ficou evidente que a direita italiana não tem a menor consciência do poder da Internet. Berlusconi continua falando de "cassetes", ignorando até mesmo a existência dos DVDs. Aos 74 anos, ele continua agarrado ao único meio de comunicação que conhece, domina e possui: a TV, a outra grande derrotada do referendo.
Enquanto isso, as redes sociais se preparam para uma nova batalha, desta vez para revogar a lei eleitoral italiana, que não deixa os eleitores votarem em candidatos, mas só em partidos e coalizões. Por enquanto, nada de comícios e passeatas. O debate ferve no Twitter e no Facebook, onde há quase 20 milhões de usuários italianos, numa população de 60 milhões.
A Internet salvará a liberdade da informação e com ela será dificil dar uma só versão da informação.
Telecamera nascosta
Prostíbulo televisivo
Io sono Berlusconi ...
Meleca




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Mamma mia, Pisapia!
Pânico a bordo

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domingo, 5 de junho de 2011

Mais um agricultor foi morto no Pará

Mais um agricultor foi morto no Pará. Esta já é a quarta morte em uma semana. O corpo foi encontrado no sábado, dia 28 na mesma área onde morreram José Claudio e Maria do Espírito Santo.
Segundo o advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, José Batista Afonso, a vítima é Erenilto Pereira dos Santos, de 25 anos, que levou um tiro na cabeça. Ele seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matar o casal ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos na terça-feira, dia 24 de maio.
Veja abaixo video depoimento de José Cláudio Ribeiro da Silva.
Velorio Jose Claudio e Maria do Espirito SantoNa sexta-feira, dia 27 de maio, o agricultor Adelino Ramos, de 56 anos, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, um distrito de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dinho, como era conhecido, foi alvejado por um motociclista quando estava em seu carro na companhia da esposa e de duas filhas. 
Ele chegou a ser socorrido em um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a CPT, Ramos vinha sendo ameaçado há algum tempo por madeireiros da região. A pressão teria piorado após ações do Ibama que resultaram em apreensão de madeira extraída ilegalmente e de cabeças de gado.
Ramos era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995 em Rondônia, e integrava o Movimento Camponês de Corumbiara. Apontado pelos latifundiários locais como um dos líderes do movimento, o camponês passou a sofrer perseguições, assim como o filho, Claudemir Ramos,
Como é comum no Brasil, de vitimas foram transformados em criminosos pela justiça de Gilmar Mendes: os dois chegaram a ser processados com base na investigação do Ministério Público Estadual, que por sua vez levou em conta a apuração conduzida pela Polícia Civil, dominada pelas madeireiras do local. Claudemir acabou condenado e, desde 2004, é dado como foragido. Adelino se livrou do processo, mas não das perseguições. Pai e filho não se viam há dez anos.
O Massacre de Corumbiara
O massacre de Corumbiara foi o resultado de uma ação violenta de jagunços e policiais ocorrido em 9 de agosto de 1995 no município de Corumbiara, ao sul do estado de Rondônia. O conflito começou quando policiais e jagunços foram desalojar camponeses sem-terra que estavam ocupando uma área.
    Video Massacre de Corumbiara parte 1/2
Em agosto de 1995, cerca de 600 camponeses haviam se mobilizado para tomar a Fazenda Santa Elina, tendo construído um acampamento no latifúndio improdutivo. Na madrugada do dia 9, por volta das três horas, pistoleiros armados, recrutados nas fazendas da região, além de soldados da Polícia Militar com os rostos cobertos, como se fossem bandidos, criminosos, iniciaram os ataques ao acampamento.
Mulheres foram usadas como escudo humano pelos policiais e pelos jagunços do fazendeiro Antenor Duarte. A pequenina Vanessa, de apenas seis anos, teve o corpo trespassado por uma bala "perdida", quando corria junto com sua família. Cinquenta e cinco posseiros ficaram gravemente feridos. Os laudos tanatoscópicos provaram execuções sumárias. O bispo de Guajará Mirim, dom Geraldo Verdier, recolheu amostras de ossos calcinados em fogueiras do acampamento e enviou a Faculté de Médicine Paris-Oeste, que confirmou a cremação de corpos humanos no acampamento da fazenda.
Desde 1985 os camponeses se organizavam, tendo criado as vilas de Alto Guarajús, Verde Seringal, Rondolândia, e mais tarde o povoado de Nova Esperança - posteriormente cidade de Corumbiara. Dez anos depois, foram vítimas da chacina. E até hoje os parentes das vítimas aguardam a indenização. É uma das vergonhas de Rondônia. É uma das vergonhas nacionais.
    Video Massacre de Corumbiara parte 2/2
A assessoria jurídica da CPT RO e a CJP (Comissão Justiça e Paz de Porto Velho) acompanham o processo judicial a favor da indenização das famílias vítimas da chacina.

O PMDB e o Ministério da Agricultura
Quando o vice-presidente, Michel Temer, chama o ministério da agricultura de 'ministério de merda', fato amplamente noticiado nos jornais de sabado dia 28 de maio, fica claro, para todos, a importância  (de merda) que o PMDB, aliado do governo, dá a reforma agraria no Brasil e a necessida de  mudanças nas relações agrárias e na questão da propriedade rural.
Não há como, depois destas palavras, apagar da memória e superar o massacre de Corumbiara, em que Dinho, Adelino Ramos, foi um dos líderes do movimento e um sobrevivente, assim como o filho, Claudemir Ramos.
O massacre foi realizado pelo Comando de Operações Especiais, comandado na época pelo capitão José Hélio Cysneiros Pachá, que jogou bombas de gás lacrimogênio e acendeu holofotes contra as famílias. A chacina ocorreu no governo do agora senador Valdir Raupp (PMDB).
Ou seja, os patifes, bandidos, responsáveis pela impunidade do massacre, alojam-se hoje na mesma sigla: o PMDB. Com isto, sai governo, entra governo, continuam sempre em postos importante, seja como vice-presidente ou como senador.
Por falar em impunidade, quando se defende a anistia a (des)matadores, que é o que Aldo Rabelo do PCdoB faz, isto representa, em sua essência, a defesa da impunidade e a anistia, antecipada, aos matadores. Matadores e desmatadores assim se confundem e se mantem impunes.
Não adianta as pretensas boas leis de hoje se amanhã alguém virá defender no congresso uma lei que irá perdoar os crimes de hoje. Isto, no fundo, representa a mais descarada e cinica defesa da impunidade.
Fatos relacionados:
O filme “Corumbiara”, de Vincent Carelli, relata outro massacre na década de 1980, neste caso de indios na Gleba corumbiara, ao sul do estado de Rondonia. O filme foi premiado em diversos festivais no Brasil e continua recebendo vários convites para participação em mostras e festivais.
A seguir, a sinopse do Filme:
“Corumbiara”, 117 min, 2009, de Vincent Carelli. Em 1985, o indigenista Marcelo Santos, denuncia um massacre de índios na Gleba Corumbiara (RO), e Vincent Carelli filma o que resta das evidências. Bárbaro demais, o caso passa por fantasia, e cai no esquecimento.
Marcelo e sua equipe levam anos para encontrar os sobreviventes. Duas décadas depois, “Corumbiara” revela essa busca e a versão dos índios...